sábado, 5 de novembro de 2011

Politólogo

A crise criou um novo emprego.

Os politólogos apareceram nas televisões a debitar opiniões sobre tudo e mais alguma coisa. São uma mistura de Nuno Rogeiro com Rui Santos. Falam de política, temperam com economia e aproveitam para fazer futurologia em lume brando.

Numa curta pesquisa aos dicionários de português encontro a definição: Politólogo - especialista em ciências políticas. Portanto, o curso universitário de ciências políticas ganhou mais uma saída profissional.

Basta cuspir umas opiniões certas ou erradas sobre política (essa arte de enganar o povo) e temos um politólogo.

E eu a pensar que o único mestre da arte do sabe tudo era o Nuno Rogeiro. Esse opiniólogo (esta profissão ainda não existe e não está no diccionário de português, talvez no de brasileiro que vamos de de usar em 2012 esteja incluído) que sabe tudo sobre geoestratégia mundial, política internacional, batatas a murro, bacalhau à Gomes de Sá, navegação por cabotagem, bisca dos 9 e pesca em alto mar, tem agora concorrentes ao seu lugar à esquerda do pivot de televisão.

Aguardo com expectativa a chegada dos bológolos (também não aparece em nenhum dicionário, escusam de procurar) para desafiarem esse mestre da opinião futebolística nacional chamado Rui "chuta, chuta" Santos. Não será facíl porque Rui Santos domina o léxico futebolístico em áreas tão diversas como metodologia do treino, estratégia, táctica, adivinhação de resultados, tem doutoramento em finança futebolística, um autêntico CFO que qualquer clube nacional gostaria de ter nos seus quadros para evitar comprar jogadores que muito prometem e pouco jogam. Tudo isto chega para encher a antena da SIC durante mais de 60 minutos, não vais aos 120 porque o preço por hora de televisão seria tão irrisório que os canais concorrentes accionavam a Autoridade da Concorrência.

Mas este post versava os politólogos e não os analistas do penaltis. Voltemos aos polítólogos que falam sobre Merkel, Sarkozy, Passos Coelho, Papandreu e Manuel Alegre. Bom, do Manuel Alegre já falaram, agora falam pouco.

A sensação que se retira de uma análise do polítólogo não é nenhuma. Fico sempre na mesma, na dúvida se os políticos são tão maus como eles começam por dizer ou se são um bocadinho bons como no final da alocução. Tal como os políticos, os politólogos falam muito e não dizem nada. Mais valem o Rogeiro ou o Santos que sempre conseguem definir um lado e assumem uma posição nessa semana, na seguinte podem mudar, mas naquele momento sabemos que o Rogeiro não gosta do Afeganistão porque não tem praia e esse é um motivo plausível para não se gostar do Afeganistão.
Entre os meus colegas de trabalho o nome Rogeiro surge associado a uma pessoa cujo perfil aponta para alguém que tem opinião sobre tudo. Faz sentido!

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